"Os
setes processos mentais básicos para aprendizagem da matemática e ideias para a
sala de aula."
O número está presente em nosso
cotidiano, desde cedo à criança passa a fazer parte desses processos mentais:
correspondência, comparação, classificação, sequenciação, seriação, inclusão e
conservação. Através deste processo de ensino aprendizagem, ocorrerá quando o
professor seleciona atividades de acordo com cada faixa etária.
Respeita o ritmo da criança, onde
ela aprende de maneira diferente através da interação com o meio em que vive e
com suas próprias experiências. Uma atividade por si, não garante uma
aprendizagem significativa, principalmente por que na educação infantil o foco
da criança esta centrado no lúdico.
A construção do conhecimento se dará
a partir de suas vivências com material sólido que leve a criança refletir
sobre os significados a respeito de cada objeto ou número. O professor precisará
propor situações que a leve observar, explorar, interpretar e levantar
hipóteses. Procurar encontrar explicações ou soluções para uma futura
aprendizagem da matemática e visando o desenvolvimento integral da criança.
Correspondência:
Correspondência é o ato de
estabelecer a relação "um a um". A ideia de correspondência presente
em toda matemática, está também no mundo que envolve a criança. Antes e fora da
escola, à criança já viu ou já fez correspondência, tais como: a cada dedo da
mão esquerda corresponde um da mão direita. Assim, a correspondência é um
processo mental, fundamental para a construção dos conceitos de número e das
quatros operações. Mais tarde, a correspondência será exigida em situações do
tipo: a cada quantidade, um número (cardinal), a cada número, um numeral, a
cada posição (numa sequencia ordenada), um número ordinal.
Seguem exemplos de correspondência,
na forma de atividades para a sala de aula.
Atividade 1:
(correspondência)
Material:
dez caixas de fósforo numeradas de 1 a 10 na parte de baixo; conjunto de
cinquenta e cinco clipes, sementes ou fósforos
Atividade:
cada caixa deve conter uma quantidade de objetos que corresponda ao numeral
escrito na parte de baixo da caixa; ao abrir cada caixa, a criança deve contar
os objetos em voz alta e desvirar a caixa para ver o numeral. Uma outra
atividade consiste em pedir à criança que coloque dentro das caixas a
quantidade de objetos correspondente ao numeral.
Objetivo:favorecer
a integração da ordinalidade com a cardinalidade no conceito de numero.
Atividade
2: (correspondência)
Material:
caixa com pedras (sementes, conchas, tampas ou botões).
Atividade:
colocar a caixa num lugar bem visível, designar algumas crianças para saírem da
sala, uma a uma, enquanto outra criança vai retirando da caixa uma pedra para
cada criança que sai da sala. Fazer a operação inversa, isto é, para cada
criança que retorna à sala de aula uma pedra é recolocada na caixa. Verificar,
com as crianças do grupo, se não está faltando ou sobrando crianças ou pedras. Se
estiver questionar: "o que aconteceu? Está faltando alguém? Todos
entraram? Por que será que sobraram (ou faltaram) pedras?". Se for o caso,
repetir a brincadeira.
Objetivo:
facilitar o controle da quantidade sem utilizar a contagem.
Atividade
3: (correspondência)
Material:
cinco cartelas cada uma com desenho diferente de um menino; outras cinco
cartelas, cada uma com o desenho de um mesmo cachorro.
Atividade:
pedir à criança que escolha um cachorro para cada menino e que dê nome a ambos,
verificando se ela escolhe nomes diferentes, fazendo a correspondência.
Objetivo:
corresponder elementos iguais a elementos diferentes.
Comparação:
Comparação é o ato de estabelecer diferenças
ou semelhanças. Antes e fora da escola as crianças já fazem naturalmente
comparações de tamanhos, formas, core, quantidades etc. Na escola, cabe ao
professor aproveitar esses conhecimentos para estimular as crianças a encontrar
semelhanças e diferenças que caracterizam o que se deseja comparar. No
cotidiano das pessoas, a comparação é um dos processos mentais frequentemente
utilizados. A comparação é também fundamental para classificar, seriar, incluir
e para a conservação (não variação), como mostram as atividades seguintes.
Atividade1:
(comparação)
Material:
blocos lógicos
Atividade:
cada criança escolhe duas peças. Quando todas tiverem feito sua escolha, o
professor pergunta a cada uma em que essas duas peças são diferentes ou
parecidas. È importante que todas ouçam o colega, pois as particularidades das
peças precisam ser conhecidas por todos. Os atributos serão retomados em
atividades posteriores.
Objetivo:
estimular a percepção de semelhanças e diferenças.
Atividade
2: (comparação)
Material:
tangram
Atividade:
comparar duplas de peças por superposição ou justaposição e dizer o que existe
de igual ou quais são as diferenças (o tangram presta-se a inúmeras atividades,
que serão descritas em outros processos; esta é uma exploração para crianças
menores).
Objetivo:
favorecer a comparação de algumas formas geométricas.
Atividade 3: (comparação)
Material:
conjunto de figuras geométricas: quadrados, retângulos, triângulos, trapézios,
losangos, hexágonos, círculos, paralelogramos e outros polígonos.
Atividade: a
criança deve observar as figuras e indicar semelhanças ou diferenças entre
elas. Para facilitar, o professor pode perguntar: “quantas pontas tem esta figura?",
"Todas têm a mesma quantidade de pontas?", "quantos lados (ou
caminhos) tem?".A dificuldade deve ser graduada pelo professor, colocando
só quadrados, retângulos e triângulos para as crianças menores e, para as
maiores, alem de mais figuras, estas poderão variar no tamanho e na cor.
Objetivo:
comparar figuras geométricas no que se refere a lados e vértices.
Classificação:
Classificação é o ato de separar em
categorias de acordo com semelhanças e diferenças. Toda classificação exige uma
previa comparação. Assim, por exemplo, quando o professor pergunta: "quais
são os alunos que usam óculos?", a resposta exige uma previa comparação,
para que as crianças possam separar (classificar) seus colegas em dois
subgrupos: o dos que usam óculos e o dos que não usam. Para classificar é
preciso escolher ou determinar um critério, e este se baseia num atributo comum
aos elementos que serão classificados. A fim de classificar às crianças a
descoberta de algum critério útil à classificação, devemos auxiliá-las na
percepção de semelhança e de diferenças entre os objetos a serem classificados.
Apresentamos, a seguir, alguns
exemplos de atividades envolvendo classificação.
Atividade1:
(classificação)
Material:
cerca de oito desenhos de diferente animais, sendo que alguns voam, outros
nadam e outros correm.
Atividade:
apresentar às crianças todos os desenhos, sem qualquer ordem e sem dizer
qualquer característica dos animais. Pedir a elas que os separem ou os juntem,
dizendo suas razões.
Objetivo:
classificar conforme características comuns ou diferenças.
Atividade
2: (classificação)
Material:
botões, bolas, tampas e figuras geométricas.
Atividade: as
crianças recebem alguns dos materiais d devem agrupá-los por algum critério,
justificando sua classificação. Com crianças maiores (6 ou 7anos) pode-se pedir
que façam dois grupos (e expliquem os critérios usados0, depois três, depois
quatro. As diferentes soluções devem ser apresentada e conferidas pelas
crianças.
Objetivo: elaborar
classificação.
Atividade 3:(classificação)
Material:
conjunto de letras e números, sendo que os números podem ser de um, dois ou
três algarismos.
Atividade:
cada aluno recebe uma letra ou um número; o professor propõe que os números
sejam colocados de um lado e as letras de outro, de modo visível para que todas
as crianças possam opinar. Observar se elas juntam letras e números ou os
separa, se elas fazem dois grupos ou mais. O mais importante, nesta atividade,
não é o resultado da classificação, mas o processo de raciocínio na escolha dos
critérios.
Objetivo: diferenciar
números de letras.
Sequenciação:
Sequenciar é fazer suceder a cada
elemento um com outro qualquer, isto é, a escolha do seguinte é feita ao sabor
do momento e não por critérios preestabelecidos. Como exemplo, temos a chegada
dos alunos à escola ou a entrada em campo de um time de futebol: ambos são
conjuntos desordenados, em que um elemento simplesmente segue a outro. Sua
importância está preparar o contraste com a seriação, em que a ordem dos elementos
influirá nos resultados.
Apresentamos,
a seguir, alguns exemplos de atividades envolvendo sequenciação.
Atividade1:
(sequenciação)
Material:
papel colorido (pode ser de revista), tesoura, cola e barbante.
Atividade:
recortar bandeiras (de São João) e colá-las no barbante, uma após a outra, sem
qualquer ordem.
Objetivo:
fazer sequencia.
Atividade
2: (sequenciação)
Material:
conjunto de peças de jogar dominó.
Atividade:
cada criança recebe uma peça, que vai sendo colocada "em pé", uma
após a outra, deixando um pequeno espaço entre elas. Um aluno escolhido deve
empurrar só a primeira peça, a qual derrubará todas as demais.
Objetivo:fazer
sequencia.
Atividade
3: (sequenciação)
Material:barbante,
canudos coloridos (de beber refrigerante) cortados em partes, macarrão furado
ou semente perfuradas.
Atividade:montar
um colar, passando o barbante por dentro dos canudos.
Objetivo:
fazer sequencia.
Seriação:
Seriação é o ato de ordenar uma sequencia
segundo um critério. Na seriação a sucessão se dá obedecendo a uma ordem
preestabelecida. Por isso a seriação é também chamada de ordenação. A ideia de
ordem aparece naturalmente na mente das pessoas, desde os primeiros anos de
vida, e está fortemente presente no nosso cotidiano. Além do processo de
seriação ser fundamental à formação do conceito de número, ele presta-se também
para a introdução de vocábulos específicos, tais como: primeiro, segundo,
último, meio, antes, depois, frente, atrás, direito, esquerdo etc.Note que toda
para palavra é exemplo de seriação.
Vejamos
algumas sugestões de atividades que envolvem seriação.
Atividade
1: (seriação)
Material:
nenhum
Atividade: o
professor apresenta o começo de uma serie e as crianças devem continuá-las. Por
exemplo: um menino, uma menina, duas meninas, três meninas; ou então: um, uma
menina, dois meninos, duas meninas, e assim por diante.
Objetivo:
perceber a lei de formação da repetição.
Atividade
2: (seriação)
Material:
barras coloridas cuisenaire.
Atividade: as
crianças devem ordenar as barras da menor para a maior e, depois, dizer
"um" tocando a menor, dizer "dois" tocando a seguinte, e
assim por diante.
Objetivo: utilizar a numeração
oral.
Atividade
3: (seriação)
Material: quatro, cinco ou
seis gravuras.
Atividade: mostrar todas as
gravuras ao mesmo tempo e pedir aos alunos que, em grupo, inventem historias e
justifiquem a ordem escolhida. Se as crianças tiverem 4 ou 5 anos, é melhor
começar com três gravuras.
Objetivo: introduzir ordem na
sequencia.
Inclusão:
Inclusão é o ato de fazer abranger um conjunto por outro. A ideia de inclusão parece muito simples,
pois naturalmente convivemos com ela direta e diariamente: em casa, desde cedo,
a criança aprende a perceber as relações de parentesco e, na escola, as
relações de amizade. A criança sabe à qual grupo pertence (está incluída) e
conhece as fronteiras de cada grupo, seja e familiar, escolar, de amizade. Mais
tarde essas noções serão ampliadas com a descoberta de que a escola fica num
bairro, o qual pertence a uma cidade, que pertence a um estado, que fica no
Brasil, que é um país da America Latina, e assim por diante. Durante a
construção do conceito de números as crianças também precisarão da inclusão,
pois, num primeiro momento, elas concebem o 5 completamente distinto e
independente do 4, mas, para ampliar sua compreensão, elas precisarão perceber
que não existe a quantidade 5 sem a 4; assim, o 4 estará incluído no 5.
Atividade 1: (inclusão)
Material: cartelas com
palavras sugerindo inclusão.
Atividade: o professor vai
lendo uma a uma as palavras e as crianças devem dizer uma outra que abranja
todas. Por exemplo, se na cartela estiver escrito barco, remo, concha,areia e
onda, as crianças devem dizer rio ou mar. Outro exemplo: laranja, abacaxi,
melão, em que a palavra pode ser fruta ou suco.
Objetivo:incluir por meio de
ideias.
Atividade 2: (inclusão)
Material: conjunto de sólidos
(caixas vazias ou fundas de garrafas plásticas) de tamanhos diferentes, tal que
se encaixem uns nos outros.
Atividade:dar todos os sólidos
para as crianças e pedir que arranjem todos eles, colocando os menores dentro
dos maiores.
Objetivo: reforçar as noções
de incluir, conter, caber, e estar dentro, pertencer.
Atividade
3: (inclusão)
Material:conjunto de círculos
de papelão de diferentes diâmetros e cores.
Atividade:apresentar todos os
círculos às crianças, de modo desordenado, e pedir que elas os ordenem, por superposição.
Elas podem preferir fazê-lo do maior para o menor ou ao contrário.
Objetivo: fazer inclusão
utilizando superfícies (bidimensional).
Conservação:
Conservação é o ato de perceber que a quantidade não depende da
arrumação, forma ou posição. A grande importância da conservação deve-se ao
fato de ela ser fundamental para o desenvolvimento do conceito de
reversibilidade (a toda ação existe outra, mas de efeito oposto), o qual, por
sua vez, será básico para compreensão dos conhecimentos de aritmética e da
geometria, nas séries seguintes. Será que mudar um quadrado de posição faz o
quadrado se transformar em losango, isto é, será que o quadrado continuará
sendo um quadrado, independente de sua posição? Será que uma quantidade de
objetos se altera, dependente da arrumação deles? As respostas a essas
perguntas também podem ocorrer diante de questões sobre variação de
comprimento, de peso, de superfície, de volume, depende do estagio de
desenvolvimento de quem responde.
Vejamos
a seguir exemplos de atividades referentes à conservação.
Atividade
1:(conservação)
material: duas garrafas de
plástico grandes, iguais e com igual quantidade de água.
Atividade:as garrafas devem
ser apresentadas na mesma posição às crianças e estas devem dizer se elas
contêm a mesma quantidade de água ou não. Em seguida, o professor deve mudar a
posição de uma das garrafas(por exemplo, colocando-a na horizontal) e perguntar
às crianças se uma delas tem mais água que a outra ou se as duas têm a mesma
quantidade de água. As respostas das crianças devem ser discutidas e
justificadas por elas mesmas.
Objetivo: auxiliar a
percepção de volume, variando a forma.
Atividade
2: (conservação )
Material: conjunto de crianças
e de lápis.
Atividade: colocar algumas crianças
num lugar visível a todos os alunos da turma e dar um só lápis a cada uma
delas; então, pedir que elas depositem seus lápis num lugar visível a todos,
formando assim dois conjuntos ( um de crianças e outro de lápis), e perguntar:
"há mais crianças que lápis ou os dois conjuntos têm quantidades
iguais?".No caso de a resposta se referir a um conjunto ter mais unidades
que o outro, caberá uma nova questão: "o que fazer para que os conjuntos
passem a ter quantidade iguais?".
Objetivo: favorecer a percepção
da conservação de quantidade, variando a disposição espacial.
Atividade
3:(conservação)
Material: conjunto de
palitos.
Atividade: cada aluno recebe
seis palitos e deve montar livremente as figuras que quiser, utilizando todos
os palitos. Em seguida, o professor mostra a todos alunos as diferentes figuras
construídas com seis palitos, e pergunta: "todas as figuras montadas têm a
mesma quantidade de palitos ou há figura que tem mais palitos?".
Objetivo: favorecer a
percepção da conservação de quantidade, variando a configuração plana.
Referências
Bibliográficas:
Lorenzato, Sergio. Educação Infantil e
Percepção Matemática/ Sergio Lorenzato.-2.Ed.rev. E ampliada - Campinas, SP:
Autores Associados, 2008.-(coleção formação de professores).
Ramos, Luzia Faraco. Conversas sobre números,
ações e operações: uma proposta criativa para o ensino da matemática nos
primeiros anos/ Luzia Faraco Ramos.- São Paulo: Ática. 2009. 159 p.:
il.-(educação em ação).
AMEI!VAI AJUDAR MUITO NA NOSSA PRÁTICA PEDAGÓGICA,E NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DOS MEUS ALUNOS!
ResponderExcluirAMEI!VAI AJUDAR MUITO NA NOSSA PRÁTICA PEDAGÓGICA,E NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DOS MEUS ALUNOS!
ResponderExcluirAs informações são valiosas, principalmente com as indicações das atividades que podem ser concretizadas com materiais simples e do cotidiano. Obrigada pela disponibilidade de sua pesquisa. Que Deus te abençoe.
ResponderExcluirQue perfeito! Me auxiliou muito,as sugestoes são ótimas, obrigada.
ResponderExcluirAs sugestoes são ótimas, obrigada.
ResponderExcluirmuito bom me ajudou muito cm os exemplos
ResponderExcluirmuito bom o conteúdo
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